Ele não é meu compositor preferido, nem mesmo entre os compositores mangueirenses.
Mas um dos vários méritos de Cartola – centenário hoje – há de ser reconhecido aqui: em todas as suas composições, a beleza é o que há de mais emblemático. Seja quando fala de Deus, da dor-de-cotovelo, do tempo que passou, de sua Estação Primeira ou de uma improvável alegria (“Era o que faltava em mim...”).
Numa dessas metáforas para tentar simplicar as coisas, uma vez um amigo me disse que ele é como Michelangelo (preciso nas proporções e na clareza do que retrata), enquanto Nelson Cavaquinho seria uma espécie de Picasso – buscando outro tipo de beleza, menos clássica, mais “torta” e às vezes até chocante.
Cartola não fez sambinha. Não que este diminutivo tenha qualquer conotação pejorativa: os sambinhas buliçosos – ligeiros, maliciosos e dançantes – têm sua vez em repertórios “acima-de -qualquer-suspeita”, como os de Geraldo Pereira ou Dorival Caymmi.
Entre os sambas grandiosos de Cartola estão algumas composições eternas, como Acontece, Sim, Divina dama e este que, desprovido de meias-palavras, é para mim sua obra-prima. Salve mestre Cartola, salve a Mangueira!
O mundo é um moinho
Cartola
Ainda é cedo , amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo
O rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a sua vida
E em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonho tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés
PS: Como Cartola, Nelson Cavaquinho também era de outubro, mas do dia 29. Aliás, Pelé (23) e Garrincha (28) também. Mês danado...!
Mas um dos vários méritos de Cartola – centenário hoje – há de ser reconhecido aqui: em todas as suas composições, a beleza é o que há de mais emblemático. Seja quando fala de Deus, da dor-de-cotovelo, do tempo que passou, de sua Estação Primeira ou de uma improvável alegria (“Era o que faltava em mim...”).
Numa dessas metáforas para tentar simplicar as coisas, uma vez um amigo me disse que ele é como Michelangelo (preciso nas proporções e na clareza do que retrata), enquanto Nelson Cavaquinho seria uma espécie de Picasso – buscando outro tipo de beleza, menos clássica, mais “torta” e às vezes até chocante.
Cartola não fez sambinha. Não que este diminutivo tenha qualquer conotação pejorativa: os sambinhas buliçosos – ligeiros, maliciosos e dançantes – têm sua vez em repertórios “acima-de -qualquer-suspeita”, como os de Geraldo Pereira ou Dorival Caymmi.
Entre os sambas grandiosos de Cartola estão algumas composições eternas, como Acontece, Sim, Divina dama e este que, desprovido de meias-palavras, é para mim sua obra-prima. Salve mestre Cartola, salve a Mangueira!
O mundo é um moinho
Cartola
Ainda é cedo , amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo
O rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a sua vida
E em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonho tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés
PS: Como Cartola, Nelson Cavaquinho também era de outubro, mas do dia 29. Aliás, Pelé (23) e Garrincha (28) também. Mês danado...!
5 comentários:
Eu prefiro o Michelangelo da Mangueira e o Monet da Vila Isabel.
Obrigada pelo presente inesquecível, embrulhado em papel celofane verde e rosa, em tempos idos...
Dica: o post de Monica Ramalho a sobre Cartola.
http://laranjaeacordovestidodela.blogspot.com/
Cartola é o meu favorito, ao lado do Geraldo Pereira. E, para mim, "Acontece" é uma das melhores músicas de todos os tempos - e a letra é comparável às melhores poesias brasileira.
*brasileiraS
Clau, muito bacana o post da Monica Ramalho.
Obrigada.
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