Estamos acostumados a comemorar as maravilhas da internet. Rede aberta, colaborativa, sem censura, na qual todos podemos falar e ouvir, ver e ser vistos, etc. Pouco discutimos ou pensamos sobre as possibilidades de censura e criminalização que já acontecem e podem aumentar caso leis como a do senador Eduardo Azeredo sejam aprovadas.
Pois ontem, lendo a revista Caros Amigos (depois de meses sem comprar um exemplar), me deparei com um interessante soneto do Glauco Mattoso - poeta, em suas próprias palavras, "cego punk" -, com o qual tenho certeza que muitos se identificarão:
Soneto detectado [721]
Poeta que conheço é redator
num órgão cujo "emeio" tem censura.
Qualquer palavra insólita ou impura
será denunciada ao Superior.
Mas é o computador que a ser censor
se arvora e escolhe a esmo o que dedura.
Um vírus desse tipo não tem cura,
e o termo interditado agora é "flor"!
Coitado do poeta! Proibido
de usar seu mais cromático instrumento
verbal! Por tal critério, não duvido
que, em vez de "passarinha", esse luxento
programa um "passarinho" tenha lido
e o vete de voar livre no vento...
15 de out. de 2008
Prendam! A palavra é "flor"!
Assuntos:
* Olívia Bandeira de Melo,
poesia,
tecnologia
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