Queremos todos sair do anonimato!
Upload feito originalmente por marcelo_valle
24 de ago. de 2010
Queremos todos sair do anonimato!
12 de nov. de 2008
Times are a-changing...
Amigos leitores do CAROÇO,
Estamos transferindo este blog para um novo endereço: http://ocaroco.wordpress.com. Tudo que está lá, no http://ocaroco.wordpress.com, já esteve aqui. Tudo continua igual, à exceção do layout, de algumas comodidades oferecidas pelo servidor novo e, é claro, o endereço, que passa a ser http://ocaroco.wordpress.com. Inclusive, se você tiver um link para nós, troque-o para http://ocaroco.wordpress.com, já que agora http://ocaroco.wordpress.com será nosso endereço.
Caso ainda não tenha ficado claro, o novo endereço deste blog é http://ocaroco.wordpress.com. Queremos todos lá!
9 de nov. de 2008
Ó paí, ó (a série)
Na faculdade, um professor – que indicou à turma pela primeira vez a leitura de Mitologias, do Barthes – disse que era o humor que salvava Chaplin de ser apenas mito (quem fez faculdade de jornalismo lembra que “mito”, para os estruturalistas, grossíssimo modo, significava estereótipo). Acho que é uma visão equivocada: o que faz de Chaplin um autor ímpar e complexo é como seu humor é capaz de combinar tantos elementos clássicos e estereotipados para criar uma obra nova, repleta de detalhes, de ironias, de jogos. Ou seja, usar os estereótipos se torna uma maneira de lutar contra os estereótipos, e não que Chaplin é bom apesar dos estereótipos.
Falo nisso porque foi a primeira coisa que lembrei quando comecei a assistir ao episódio desta sexta de Ó pai, ó, na Globo. (Já adianto que não assisti ao filme, mas pretendo me redimir logo.) O filme, dirigido por Monique Goldenberg, baseado em uma peça de Márcio Meirelles, conta a vida em um cortiço em Salvador e tem no elenco, além do Bando de Teatro Olodum, Lázaro Ramos, Stênio Garcia (que também estão na série de TV) e Wagner Moura.
Na série, estão todos ótimos. Valeria a pena escrever apenas sobre os novatos, todos bons atores, para ver se a Globo desiste de tantos modelos que se acham atores/atrizes e outros canastrões consagrados. Assim como valeria a pena escrever sobre a produção musical, muito superior a quase todos os musicais ou quase musicais que o audiovisual brasileiro produz (vide, por exemplo, as cenas com música de Onde andará Dulce Veiga?). Mas para mim a grande qualidade do programa é como ele trata com humor de todos os estereótipos que encontra pelo caminho.
Jogar, ironizar clichês – é o que faz a série. Na primeira cena, um casal – a mulher grávida – discute o relacionamento em termos bastante sexuais e, nas frestas entre as tábuas das paredes, os vizinhos observam, opinam. O exagero da “situação social” dessa cena está aí para fazer rir mesmo, mas também mostra como aquela situação dramática é construída mesmo, e não um retrato objetivo da realidade. Mostra como é incrível que alguém realmente acredite que uma “pobreza feliz” como aquela que vemos na telinha pode ser real. Claro que não, aquilo tudo é ficcional.
Em outra cena, o personagem de Matheus Nachtergaele arruma um cliente para o protagonista (Roque, interpretado por Lázaro Ramos). Roque tenta se prostituir para ganhar 300 reais por dia e ter dinheiro para pagar uma prostituta por quem se apaixonou, que cobra 300 reais por dia e... é cafetinada pelo personagem de Nachtergaele... Quando entra no hotel, procurando uma mulher, o personagem de Lázaro Ramos se depara com um homem olhando para ele: “Roque?” O michê iniciante sai correndo e discute com o cafetão, que replica: “Que preconceito! Cara, você não é baiano?”
O roteiro nos faz cair na balela do baianismo – alegre, sensual, musical, pobre – para logo depois puxar nosso tapete: viu como a gente (diz a equipe) sabe que você estava caindo direitinho no mundo ficcional, no baiano de mentira.
Você já deve ter notado que essa estrutura que mistura humor, sensualidade, clichês e um universo quase mítico tem parentesco muito próximo com outro baiano. Jorge Amado era adorado e odiado justamente por essas características: fazer literatura para divertir e também para pensar, num universo narrativo em que é difícil identificar até que ponto vai a mitificação da Bahia e até que ponto ele ironiza esses próprios mitos. “O baiano já nasce artista”, diz o lugar-comum, mas, quando comparamos a série com a obra do escritor brasileiro do século XX mais conhecido em todo o mundo, parece que se trata de uma verdade: o artista baiano sabe muito bem que não existe originalidade, que a arte nunca vai chegar à verdade, e por isso mesmo está aqui para confundir, confundir com alegria e beleza.
Escrevo isso tudo após ver apenas um episódio, de meia hora, por aí, o segundo da série. Pode ser que me engane. Mas garanto que foi a única atração inteligente a que assisti – excetuando-se, claro, filmes brasileiros e alguns programas da TV BRASIL – na TV aberta nos últimos meses.
Atualização: Comentaram comigo que eu estaria certo no que escrevi acima, mas que o roteiro compromete o episódio. Sim, as situações são também óbvias, estereotipadas: era óbvio que Roque se apaixonaria pela prostituta e que haveria reciprocidade. Sim, é pastelão a situação do marido malandro que sai correndo de hospital em hospital em busca da mulher que está para parir. Essas tramas também são clichês que a estrutura desfaz, em alguns momentos com maior ou menos eficiência. Uma mostra de como é possível utilizar a tevê para brincar com clichês das telenovelas.
And I feel fine...
Eu até que tive a oportunidade de ir ao Planeta Terra com a Flavinha, que ganhou dois convites como recompensa pela atitude, mas, Offspring, Block Party e Kaiser Chiefs me perdoem, o R.E.M. ocupava um lugar maior no meu coração e na minha playlist.
Michael Stipe merece muito o meu respeito. Educado e carismático, ele é pura presença, sem afetações de roqueiro velho. Mandou ver no bailado jeitoso, desceu pra cantar no meio da galera e deu uma bitoca singela no companheiro de banda. O show não contou com pirotecnias hightech, seguiu a linha simples e o brilho ficou mesmo por conta de Stipe, Peter Buker e Mike Mills, que fizeram bonito.
O repertório perfeito combinou músicas do novo álbum "Accelerate", lançado em março de 2008 (destaque para Hollow Man), uma seleção caprichada dos antigos, com direito a Ignoreland, Imitation of Life, Orange Crush, Everybody Hurts, Man on the Moon (que fechou o show) e obviedades como The one I love, Loosing my Religion e It's the end of the world as we know it - que se confirma como o sucesso menos cantado de todos os tempos (sei de cor metade da primeira estrofe e 1/3 da segunda e já me considero quase uma lenda viva por isso). Mas o refrão estava na ponta da língua da galera, que interagiu bonito respondendo com um alto e bom "fine!" como resposta ao "And I feel..." de Stipe.
O vocalista foi aclamado quando tocou no assunto mais falado da semana e manifestou seu contentamento com a eleição de Obama, que ganhou imagens no telão com legendas tipo "Barak 'n Roll" (no show em Santiago, no dia da eleição, também rolou rasgação de seda).
Follow me, don't follow me
I've got my spine, I've got my orange crush
Orange Crush, do álbum Green
Há um tempo me questionava sobre quem seria o público brasileiro do R.E.M. em momentos "extra Rock in Rio", já que sempre tive a impressão, torta muito provavelmente, de que aqui eles não passavam de Loosing my Religion e Shiny Happy People - sem esquecer da já mencionada It's the end of the world..., um hit nos guetos indie. Foi engraçado ver a "garotada" na casa dos 40 tão emocionada quanto os fãs de vinte e poucos (e eu posso jurar que vi gente que não passava de 19). Sem tribos identificáveis, as camisetas com o nome da banda eram o máximo de label que os cariocas apresentaram. Uma gente da paz que completou o clima bom na HSBC Arena, que eu não conhecia, mas me surpreendeu como opção de local para shows.
Man on the Moon fechou o show do R.E.M.
7 de nov. de 2008
Capitalismo selvagem II
“Os bancos brasileiros estão se preparando para novas fusões depois do anúncio da união entre Itaú e Unibanco”, destaca a edição desta sexta-feira do jornal britânico Financial Times.
De acordo com o periódico, as condições são propícias pois "o Brasil tem cerca de 150 bancos, muitos deles de pequeno porte e concentrados em uma única linha de negócios como empréstimos para a compra de veículos ou ligados a folhas de pagamento, áreas que cresceram depressa seguindo a criação de empregos e aumento de salários".
O artigo ressalta que o Banco do Brasil, que até antes da fusão Itaú / Unibanco era maior do país, e o Bradesco, que já foi o maior banco do setor privado, deverão buscar aquisições muito em breve.
Foto: Marcelo Valle
Obama virtual
Barack Obama lançou nessa quinta-feira o webiste change.gov. O site tem notícias sobre a transição do governo e informações sobre a nova agenda. Vale a pena ficar de olho.
6 de nov. de 2008
História de uma cucaracha no exterior
Sentada num canto escuro, ela meditava sobre sua existência vazia. Já havia chegado à metade de sua vida e, até então, não havia feito nada de muito relevante. Não viajara, não inventara, não descobrira -- ocupava seu tempo na luta pela sobrevivência, a cada dia buscando o que comer. Lugar limitado esse, o mundo.
Tinha ouvido falar sobre o exterior, mas não sabia o que esperar dele. Diziam que era um lugar limpo, claro, arrumado -- muito diferente da podridão fétida e úmida em que vivia. Tinha sonhos de conhecê-lo, mas conforme o tempo passava, mais convencida ficava de que ele não passava de lenda: já havia andado tanto em sua busca por comida que achava impossível haver algum lugar que não conhecesse.
Pensando nisso, lembrou-se de que ainda não havia encontrado nada naquele dia. Começou a andar, percorrendo os caminhos imundos que normalmente trilhava. No entanto, absorta em seus pensamentos, não percebeu o enorme buraco que se abria no caminho e caiu por ele.
A queda foi curta, ela não se feriu. "Foi só um susto", como costumavam lhe dizer quando ainda era jovem. Pôs-se novamente sobre as pernas para sair do buraco e voltar ao caminho normal, mas desistiu quando percebeu que dele saía um túnel desconhecido. Olhou-o com atenção. Enfim uma novidade. Armada de coragem, começou a seguir pelo túnel, intrigada com a claridade difusa que se tornava mais forte conforme se aproximava.
Enfim, chegou ao fim do túnel, que terminava numa pequena abertura. Pondo a cabeça para fora, viu um lugar amplo, iluminado, limpo -- e lembrou-se de imediato das lendas sobre o exterior. Só podia ser ali! Entusiasmada, passou pela abertura e começou a passear pelo local, os olhos marejados com tanta beleza e luminosidade. Finalmente! Depois de tanta angústia na escuridão, de tanto sofrimento na sujeira, o destino lhe dava a oportunidade de conhecer aquele paraíso imaculado.
Estava feliz. Sentia-se como se tivesse a vida inteira se preparado para aquele momento. E foi então, no auge de sua absoluta alegria, que ela foi esmagada por uma força além da sua compreensão, tão forte que partiu seu corpo ao meio. Tudo escurecia depressa, não havia mais o que fazer; ela apenas permanecia caída, as pernas para cima, contemplando suas vísceras à mostra. As últimas palavras que ouviu foram "Amor, vem ver a barata que matei no banheiro".
5 de nov. de 2008
I have a dream
Se fosse uma cidadã estadunidense legalmente reconhecida pelo Estado, latina, também votaria em Obama. Não por ser ingênua a ponto de acreditar que o simbolismo de ter à frente da presidência um negro, descendente de imigrantes, mudará a política do Tio Sam com os países emergentes. Obama provavelmente não assinará o protocolo de Kyoto, não destruirá os muros (físicos e imaginários) que apartam os Estados Unidos do “resto” da América Latina, não deixará de pôr em prática a política imperialista na Amazônia, não vai retirar o apoio ao holocausto palestino.
Em todo caso, a eleição de Barack Obama é onde mais longe a sociedade americana conseguiu chegar.
4 de nov. de 2008
Capitalismo selvagem
Quase ninguém percebe
Muda o tom da sombra (ou o esfumaçado) ou a cor do batom. Incluem-se (ou se excluem) rímel e gloss, muda-se a intensidade do blush. O mesmo ocorre com os penteados: ora os cabelos estão mais lisos, ora apresentam ondulações. Tudo isso na mesma cena.
Ok, talvez isso seja uma paranóia minha. Desde que me formei em maquiagem reparar essas coisas virou um vício. Mas esses descuidos, na minha modesta opinião, comprometem, de certa forma, a qualidade do produto. O problema é que as novelas costumam exagerar nas maquiagens, o que as torna ainda mais inverossímeis. E passíveis de erros.
Uma personagem adquire personalidade não só pelo figurino, mas também pelos produtos que enfeitam seu rosto. Assim, se a mocinha começou a trama com sombra marrom escura e cílios postiços lotados de rímel, essa pintura será sua marca registrada até o final, faça chuva ou faça sol, e em qualquer hora do dia ou da noite.
Acontece que, na vida real, ninguém usa as mesmas cores de cosméticos o tempo inteiro! Nesse ponto, tenho muitos elogios a fazer à direção artística de A Favorita. A novela pode não ser grande coisa, mas a maquiagem é diferenciada. A maioria das personagens femininas está de cara limpa, sem exageros, apenas com os produtos básicos: corretivo, pó compacto, rímel e blush. Coisa rara da teledramaturgia brasileira. Na mexicana então, nem se fala...