Para mim, a Terra sempre foi plana. Foi e continua sendo. Nós é que estamos girando. Uns mais que outros, dependendo do grau de crença nas convenções. Tampouco creio em direita e esquerda. Desde cedo aprendi a desconfiar dos pontos de referência. Graças ao meu aguçado e desorganizado senso de direção, sempre paro 350 graus além de onde deveria estar. Tentei dançar, para ver se coordenava, mas descobri que quando se dança o corpo avança em círculos disformes, também sem qualquer referência. Até que, dia desses, fui avançando de rua em rua, pelo centro da cidade, até que cheguei muitos graus além de onde deveria chegar. Olhei ao redor e não havia mais ninguém, além de um ninguém coberto por um cobertor de farrapos e seu vira-lata. Perdida, recebi a referência que precisava para me coordenar por toda a vida: “Vá por onde o corpo mandar. Quem nunca se perdeu, não há de desperder-se”.
Foto: Marcelo Valle
Um comentário:
que dança boa, sem passo ne métrica!!!
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