Epílogo:
"O gato é uma maquininha que a natureza inventou; tem pêlo, bigode, unhas e dentro tem um motor.
Mas um motor diferente desses que tem nos bonecos porque o motor do gato não é um motor elétrico.
É um motor afetivo que bate em seu coração por isso faz ronron para mostrar gratidão.
No passado se dizia que esse ronron tão doce era causa de alergia pra quem sofria de tosse.
Tudo bobagem, despeito, calúnias contra o bichinho: esse ronron em seu peito não é doença - é carinho." (Ferreira Gullar, de "Um gato chamado Gatinho")
Convivo com dois gatos há quase dois meses. Tenho uma certa resistência a bichos de uma forma geral, talvez por que queria me eximir da responsabilidade de cuidar deles. Principalmente, não estou preparada para amá-los. Reijeitar a idéia de gostar do gato é pedir para que o gato se apaixone completamente por você e passe a seguir seus passos e a demonstrar uma devoção incondicional. Estou, por mais absurdo que isso possa parecer, achando o gato igual ao cachorro. Daqueles bem grudentos, que adoram brincar. Ora, sempre me disseram que gato é blasé, que ignora solenemente quem os cria com tanto amor!
Os dois gatos vira-latas, Kiki, pretinha, e Moqueca, um siamês mestiço, foram adotados na veterinária da minha rua, e apareceram de repente. Nunca dei muita bola, mas os dias foram passando e eu comecei a criar um código de relacionamento com eles. Os bichanos fazem de tudo para chamar a minha atenção. Acabei não resistindo. Eles me fitam com os olhos, me pedem permissão para explorar o mundo novo que o quarto de portas fechadas o dia todo, e ficam imensamente felizes quando conseguem o que querem.
São bichos engraçados os gatos. Elegantes, demonstram maturidade e independência sempre que podem. Em outros momentos, são como bebês, fazem manha, pedem carinho, querem colo. Continuar este texto está difícil por que a gata não sai de cima de mim. Tem ciúmes da atenção que eu dou para a máquina. Como resistir ao charme de seus olhos amarelos?
O outro é mais distante. Mas adora estar perto, para se sentir protegido. Aperta os olhinhos e afunda a carinha no meu travesseiro, mesmo sem permissão.
No último fimde semana aproveitaram o convite e ficaram comigo na cama horas e horas. Como alguém pode se sentir só desta maneira?
1 de jul. de 2008
Presença Felina
Assuntos:
* Monique Cardoso,
bichos,
crônica
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6 comentários:
Nique, todo mundo que tem gato se apaixona. Você é a terceira amiga que relata isso. No início, nem aí, achando até ruim a idéia. Depois... Eu sempre gostei mais de gatos que de cachorros, talvez porque eu tenha o temperamento deles. Sou grudenta, adoro um colo, um cafuné, um charme... Mas, minha relação com animais é distante porque minha mãe sempre proibiu. A tese dela: criança sofre muito quando o animal morre. Tadinha, ela deve ter tido algum trauma com bichos na infância.
Lindo seu texto.
Linda crônica, Nique. Eu sempre quis ter um bichinho dentro de casa, mas meus síndicos não permitem. E mesmo que permitissem, como eu cuidaria deles? Gatos ficam bem sozinhos? Há alternativas. Por exempo, já tive hamsters, mas a experiência foi traumática. Passarinhos e peixes eu acho sem graça, não dá pra interagir. Eu queria mesmo era um gato... Beijo.
Ontem, o Antônio, com aquele seu jeito "delicado" e "nada" autoritário disse: "Mamãe, por que eu não posso ter cachorro se um monte de gente tem? Hein? Me explica".
Silêncio...
Não sou chegada a bichos dentro de casa, mas quem tem sempre cita a questão da companhia que o animal faz. Acho estranho.
Será que a Nique vai virar uma Cora Rónai? Miau!
AI QUE LINDO!!!!
Nique, eu sabia que você ia cair de amores. Amo todos os bichos (menos barata). E como diz meu sábio pai, que tem uma ONG de ajuda aos cachorros e gatos locais: "sempre desconfie quando alguém não gostar de animais, afinal, nós somos o pior deles".
;o)
Lili, dê um gatinho pro Antônio!
Sempre tive bichinhos de estimação no sítio dos meus pais, onde passei muitos finais de semana da minha infância. Sofri muito com as mortes dos gatinhos, cachorros, passarinhos, ramsters, pintinhos, coelhos e preás que tive.
Apesar disso, acabei me afastando demais do mundo animal na adolescência e me tornei também uma pessoa meio indiferente com os bichanos. No ano passado o elo foi reestabelecido por conta da convivência com a Lea, a cachorrinha da minha flatmate. É impressionante como um bicho dentro de casa preenche dias de solidão, altera nosso comportamento e a percepção pra umas coisas também.
Nique, me identifiquei em vários trechos.
Beijos
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