Mais um crime resultou na morte de uma criança de 3 anos de idade. Menos de 12 horas depois, cartazes de políticos invadiam as ruas da cidade. Um deles me chamou a atenção pelos dizeres: "Quero o meu Rio de volta". Ironicamente, uma política que fazia parte do grupo que destrói o município há quase duas décadas. Fiquei imaginando que cartazes os pais dessa criança estariam empunhando. Talvez algo como "Quero meu filho de volta".
À tarde, o secretário e o governador dizem que a polícia está despreparada. Logo eles, que são os responsáveis pela polícia, dizem que ela está despreparada. Mas a cidade, o estado, o país estão preparados para quê? Como exigir preparo de um PM se o comandante dele não é preparado, visto que o secretário responsável por sua corporação não tem qualquer preparo, já que o chefe executivo do secretário também não está preparado para o cargo.
O despreparo é uma espécie de instituição enraizada e viciada no país, uma vez que no cargo máximo da nação também se encontra um despreparado. E sabe-se lá quantos despreparados ainda estão por vir. E eles já estão por aí, espalhados pelos cartazes.
O cidadão, é claro, este tem de estar sempre preparado. Preparado para ser explorado no trabalho, para ser amarrotado no ônibus, para ser alvejado na rua. Os pais dessa criança de 3 anos, agora, estão preparados para enterrá-la.
O crime de todos? Nascer no Brasil.
Desculpem a pieguice e a dramaticidade. É apenas o desabafo de um pai que não está preparado para nada disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário