Leio jornais e blogs sobre o Caso Daniel Dantas. Fico com raiva, muita raiva, uma indignação e revolta que não me contenho. Aliás, estou escrevendo sobre isso: não me contive.
Ao ler o sen-sa-cio-nal Bob Fernandes no Terra Magazine, fiquei de tal forma indignado que não titubeei. Digitei www.google.com.br, as veias estavam latejando de raiva, o semblante cerrado na frente da tela do computador.
Digitei "Banco Opportunitty". Abriu um site bonito, simples, discreto, com dois telefones de contato; um do Rio de Janeiro, outro de São Paulo. Escolhi o do Rio. Liguei.
É. É isso mesmo. liguei pro Banco Opportunitty. Só de raiva. Atendeu um rapaz educado. Atendentes recebem para ser educados. Porteiros recebem para serem discretos. É a regra . Daí falei , mas com muito ódio no coração:
- É do Banco Opportunitty?
- Sim- respondeu.
- Do Daniel Dantas? - insisti
- Sim, senhor.
Aí explodi:
- Bando de safado!
Dasabafei. Meio que fora de mim tomado por uma força maior, de uma coragem que eu não sabia que tinha. Me senti extasiado, satisfeito, completo. Dever cumprido. Pronto, sou um cidadão com voz ativa. Protestei!
Depois deste ato irracional de cinco segundos e intenso como um soco na cara de um inimigo, como um cuspe na cara do canalha e de pura revolta, voltei à minha mediocridade e à minha cidadania mediana. Desliguei. Covardemente.
Grande bravata!!! Continuo no mesmo lugar, na frente da minha tela de computador. lembra da indignação, que "não ultrapassava a janela de nossas casas" na música do saudoso Skank do começo, que tocava na rádio Fluminense. Agora ela não vai além da janela do google.
Mesmo assim, fiz. Sem pensar, mas fiz. "Fi-lo porque qui-lo". Acho até que tudo isso foi só pra contar depois a história para minha avó, Dona Noêmia. Pernambucana, moradora de Nilópolis, ex-membro da célula do Partido Comunista de Nilópolis, enfermeira aposentada do Hospital do Fundão, mãe dez filhos, dos quais 7 fizeram universidade.
Pois é. Esta senhora de cabelos brancos, olhos azuis como pepitas de águas-marinhas rústicas,
minha stalinista avó, ouviu e soltou uma gostosa gargalhada, creio eu que de aprovação (fiz tudo isso para ter a sua aprovação, analisando agora):
- Ahahaha, é isso aí meu filho - e com seu sotaque do sertão de pernambuco falou - Bando de safaaaado!
Dona Noêmia, que tem por animal de estimação uma arara, em seguida me lembrou de algo que acho que nenhum jornalista hoje deve lembrar:
- Meu filho, este crápula do Gilmar Mendes ganhou um dinheiro extra e toda a sua corja tinha um jatinho pra correr o Brasil inteiro pra derrubar as liminares da privatização da Vale do Rio Doce!!!!
Taí. Nem lembrava disto! Depois de uma pausa emendou:
- É um lesa-pátria - disse, Dona Noêmia, minha referência de ética, conduta, honestidade e de luta contra injustiças. Querida avó, termo mais em desuso lesa-pátria, não? Pode ser, vó que o termo esteja adormecido, pode ser. Mas como diria Seu Jorge no disco do Farofa Carioca, "O povo não é brinquedo não"!!
Ô revolta!!!
15 de jul. de 2008
Minha vó stalinista x Bando de Safado
Assuntos:
* Lucio Mello,
acontecimentos reais,
mídia
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8 comentários:
BAH
o povo vai, no máximo, reclamar com o recepcionista. ou escrever num blogue. ou, quem sabe, estender faixas em frente à câmara (municipal).
DD está se borrando todo.
Nobre Lúcio, você faz falta nessas terras de Araribóia! Saudades de ti. Ando rodando uma pouco por esse brasil e tô cheio de idéias, muitas. Quero escrever sobre sobre agricultura familiar, educação no campo, cultura... te proponho uma dobradinha, topas?
Querido menino Lu, saudades. Quando vem para as bandas de cá?
Beijos
PS: Vou ligar agora para o Opportunity também
Vamos todos ligar para o Opportunity! Ahahah
Lúcio, precisamos entrevistar Dona Noêmia!!! Pro Caroço.
Boa idéia: vou ligar para o Opportunity também! Vamos começar um movimento! E a frase tem que ter o sotaque da Dona Noêmia.
Sensacional! Vou ligar para o Opportunity... a cobrar!!!
Adorei a idéia de bater um papo com a dona Noêmia. Será que rola, Lúcio?
Beijos!
Gostei da idéia de entrevistar Dona Noêmia. E quero levá-la pra casa! Sou menina completamente órfã de vô e vó desde os 9 anos!
Tio Lúcio, saudade docê!!!
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