30 de jul. de 2008

Juca tanto fez que está lá, é ministro

Não me cabe aqui fazer milhares de críticas, boas ou ruins, à atuação do cantor e compositor Gilberto Gil como ministro da Cultura. Não pararia de escrever nunca. Aliás, os comentários podem trazer a percepção de vocês sobre o reinado dele.
A novidade - velha - é que ele vai sair. Já havia anunciado dúzias de vezes, só faltava dizer em que data apagaria a luz. Por seu elogiado e aguerrido trabalho à frente da Funarte, Antônio Grassi havia sido apontado, há um ou dois anos, pelas classes política e artística, como nome adequado para substituir o ministro, que desde que chegou fala na finitude de seu cargo. O tapete de Grassi, tanto na funarte como no governo foi puxado por uma pessoa, Juca Ferreira, que agora será...o ministro. No lugar de Grassi entrou o inoperante Frateschi, que há um ano ou mais ninguém sabe a que veio. Ser ministro é tudo o que Juca sempre quis. Sempre pôs palavras na boca do ministro Gil. É daquela turma cuja alcunha "ex-militante estudantil exilado"pesa como um sobrenome real.
A maior bandeira de Juca é a mudança da Lei Rouanet. Alega que ela está engessada mas ninguém entende qual é a real proposta. Sei lá viu. Estas coisas me desencantam. Isso não me cheira bem.
Aberto o debate sobre a política cultural brasileira dos últimos cinco anos e os dois que vêm por aí...

4 comentários:

Pedro Paulo Malta disse...

Pois é, Nique.

Quem assume um cargo sempre chega alegando alguma coisa. Foi assim no início do ano passado, quando Celso Frateschi "assumiu" a presidência da Funarte com um certo discurso de nacionalização e valorização do servidor. Discursos úteis num primeiro momento mas vazios no fim das contas.

Desde então, o que se viu foi a interrupção de tudo quanto era bom projeto. O Pixinguinha, por exemplo, foi realizado à meia boca, com artistas "convidados" (leia-se: não selecionados por edital) e com dinheiro captado pela gestão anterior. Findo o patrocínio, não mais se falou em Pixinguinha e o projeto, mais uma vez, foi interrompido.

Isso pra não falar na insatisfação que paira na Funarte com a nova gestão, com a falta de continuidade, de projetos, de nacionalização, do que vinha se fazendo até o fim de 2006. A Funarte, infelizmente, perdeu o brilho que vinha retomando desde 2003.

E é bom que se registre que a perda do brilho e a interrupção de projetos tem responsável: Gilberto Gil, artista genial, ministro infeliz (pra dizer o mínimo). Já vai tarde, deixando a cadeira para quem sempre soubemos que ocuparia o cargo.

Como você bem escreveu, Juca Ferreira "tanto fez que está lá". Completa-se agora o quebra-cabeças que começou a ser montado na queda do Grassi - manobra infeliz, motivada por ambição política, que vem custando caro para a Cultura do país.

Beijos,
PP

Cláudia Lamego disse...

O Juca sempre esteve lá, não é? A impressão que eu tenho é que Gil era apenas a estampa do ministério. É uma pena o que aconteceu com a Funarte.
Mas, tem muito artista elogiando o Gil na matéria de hoje, né?

Pedro Paulo Malta disse...

Amor,

Acabei não lendo a matéria de manhã. Li agora.

Certamente haverá quem elogie e pontos a elogiar da gestão Gil - só que esses pontos são quase todos pré-2007, quando a Funarte ("braço executor do Ministério", como ouvi tantas vezes) ainda não estava vegetando.

Cabe lembrar também que o Juca está interino no cargo, que ainda não ouvimos nada sobre sua efetivação da boca do presidente, que pode ser que não seja confirmado. Ou seja, "está" ministro.

Beijos.

clarinetadas disse...

O que sinto no Ministério da Cultura é comparativo ao outros dois Ministérios em que já trabalhei: Educação e agora o MDA.

Assim como a educação, o Minc no começo era uma pasta onde mulheres e filhas de militares iam trabalhar, enquanto outros burocratas ditos de maior importância como Fazenda, Planejamento, Saúde, Casa Civil, eram disputados com muita intensidade. Isto antes da obrigatoriedade dos concursos públicos, ou seja, antes da Constituição de 88.

Depois disso, percebe-se que os baixos salários nestes ministérios de segunda (ou terceira)grandeza, são muito defasados em relação a cargos como Fiscal de Rendas, Auditores Fiscais e Gestores do Planejamento.

Há de se lembrar que desde 1986 e a sepração do Minc do MEC (que ainda carrega o "C" de cultura na sigla) a bandeira dos artirtas de ter uma psata só para suas necessidades foi atingida, mas os interessados pelas polítiicas culturasie pela regulação da indústria cultural, estão perdidos, ou sem força política.

Outra coisa: s cargos de direção e chefia do Minc sempre foram extrememente relutantes e trabalham com dificuldades a noção de planejamento e regulação, o que é fundamental para qualquer ente governamentale a difícil missão de realizar as coisas com legalidade, dentro da rigorosa lei de licitções e coisas do gênero.

Gostaira ver menos Atores famosos no Minc e bom adminsitradores na pasta. Gil comprova, a meu ver, que suas maiores contribuições foram duas: 1- dar visibilidade ao Minc, buscar unificar ações entre os muitos atores da cultura e da industria cultural brqasileira. A primeira ele conseguiu. A segunda, não. quem sabe o Plano d eCultura possa trazer algo de concreto, algo humilde e singelo, sem muitas megalomanis, tão comum nos cargos de direção e chefia dos Ministérios