6 de mai. de 2008

A saga imobiliária

Eu e o Pedro estamos procurando apartamento para comprar desde, mais ou menos, janeiro deste ano. Leio nos jornais que o momento é propício, que a prestação de um financiamento é igual ou até menor que a de um aluguel, mas que é preciso ter um bom dinheiro para dar de entrada. Achávamos que tínhamos os pré-requisitos e começamos a luta.

O trabalho começa com os classificados do jornal. Lendo todos os dias, já sei de cor o apartamento que está encalhado na Rua das Laranjeiras ou Voluntários da Pátria, aprendi que todos estão superfaturados (para a negociação, dizem os corretores), que as melhores ofertas não ficam mais de um domingo anunciadas, que proprietários abaixam os preços quando têm urgência pela venda, que os anúncios enganam (e muito!), principalmente quando dizem que há garagem e o que há é, quando muito, uma escassa possibilidade de se alugar uma vaga, etc.

Os corretores são um mundo à parte. Alguns não sabem falar. Muitos se apresentam pelo sobrenome: é uma fauna de Martins, Pachecos, Pereiras. Quase todos se deram mal em outras profissões e estão tentando a vida nesse mercado. Um deles me deu pena. Parecia personagem de "O Corte", de Costa-Gavras. Constrangido, recusou-se a subir no elevador pantográfico com a gente porque era muito gordo. E disse que tinha vindo da aviação civil. Só não perguntei se tinha sido da Varig para não prolongar o sofrimento...

Alguns são bacanas. Só ligam quando têm certeza de que o imóvel vai interessar. Outros tentam nos empurrar coisas encalhadas e nos fazer acreditar que, sim, aquela rua barulhenta tem lá a sua vantagem, porque é perto do metrô. Uma, acho que foi a primeira, parecia o personagem super-sincero do Luiz Fernando Guimarães. Ao chegar à porta de um apartamento, fez o comentário fatal: "Não sei pra que uma fechadura tão boa para um apartamento tão ruim". Acho que ela só me levava para constar na ficha da imobiliária que tinha tentado vender. Em outra ocasião, ao saber que minha sogra era arquiteta: "Arquiteta é (com sotaque baiano)? Então, ela vai ver logo que não presta". Não tinha motivos, mas me afeiçoei à figura. Felizmente, não comprei nada oferecido por ela.

Uma outra é tão legal que se tornou quase amiga. Mas também não resolveu nosso problema, que é achar um apartamento num preço justo, com um condomínio camarada, no lugar que queremos. Desistimos de comprar.

Dizem que alugar é mais fácil. Bem, começando de novo pelos classificados, noto a primeira diferença: poucas, pouquíssimas ofertas. Preços altíssimos. E concorrência desleal de pessoas conhecidas dos proprietários. Logo, chegamos à conclusão: ou se conhece alguém que vai passar um bom apartamento, ou se para em frente aos prédios para assuntar com os porteiros, ou se passa pela situação constrangedora de visitar um apartamento com mais vinte casais (ao mesmo tempo) para, no fim do processo, descobrir que a dona decidiu alugar "para um amigo". Aconteceu duas vezes.

Uma no Horto. O apartamento estava num preço razoável (podia ser menos), várias pessoas visitando, com vista para montanhas, prédio antigo, condomínio barato. Dia seguinte: acorda cedo, junta a papelada, pega assinatura de fiador, paga inscrição e... a proprietária desistiu. Hoje, aconteceu de novo. E escrevo aqui para desabafar, já que dar um mega-esporro no corretor que anunciou o imóvel, mobilizou dezenas de pessoas, adiantou que a minha ficha tinha sido a escolhida e só dependia de aprovação não serviu para aplacar a minha ira.

5 comentários:

l.c grazinoli disse...

Alugar um apartamento é uma arte.
O meu primeiro alugado, foi um achado, mas era o que vc disse: de um amigo.
Que logo depois vendeu o ape e fez com eu e meu primo, tivessemos que alugar um novo apartamento em 20 dias.
Pressa é inimiga da perfeiçao, achei que tinha alugado o apartamento dos sonhos: Cobertura com churrasqueira , piscina, sauna etc , só que junto veio a falta de gás (tubulaçao feita de forma errada); Infiltraçoes e por ultimo as luzes nao funcionavam.
E entao vamos ao terceiro, ape em menos de 1 ano...
O ultimo nao é la essas brastemp , mas é honesto.

Em suma : Muito boa sorte e paciência.

Gugu disse...

Clau, por isso eu penso 10.000 vezes antes de me mudar. Na verdade, só faço isso quando o proprietário pede o imóvel. Mas pense no lado postivo: agora você já tem toda a documentação. Quando gostar de um apartamento, entrega os papéis na hora. Quanto mais rápido o seu procedimento, maior a probabilidade de o imóvel ser seu. No mais, é desejar boa sorte. Beijo.

Gardênia Vargas disse...

Paciência, Clau Clau.. Paciência. Alugar e comprar apê é muito complicado. Os bons vooam. Os ruim, bem, os ruins ninguém quer, né? O negócio é espalhar para Deus e o mundo, fazer ecoar aos quatro cantos que vocês querem alugar um apê bom, bonito e barato. Daí alguém conhece alguém, que conhece outro alguém que está saindo de um apê assim. Daí vocês pegam! :o)

Boa sorte pra linda família :o)

Anônimo disse...

Claudia, sou eu Chris, mulher do Paulo Neves, lembra? Pois passamos por essa maratona há pouco tempo atrás e não desejo pra ninguém! É um saco. Mas enfim, uma amiga minha vai sair agora de um apto de 2 quartos bem razoável na Lineu de Paula Machado. Se te interessar ver, me escreva. Só clicar no meu nome lá na Agenda do Samba e Choro.

Cláudia Lamego disse...

Amigos, não tinha idéia dessa maratona. No domingo passado, fui visitar um apartamento tão concorrido que tinha gente subindo pelos dois elevadores e mais um tanto subindo pelas escadas. Uma cena de filme! Lá dentro, uma das senhoras exclamou, já certa de que o apartamento seria dela: "Vou logo mandar o zelador limpar essa área externa". Nâo deu pra ela. Nem pra mim. Que horror!!

Chris, escrevi pra você pelo email da agenda. Beijos