Quando enfim ganhou o anel, correu para a loja de espelhos. Primeiro comprou um que cabia todo dentro da mão. Em seguida, outro do tamanho da bolsa e outro de quase meio metro. A mãe avisava: “Olha o enxoval, as panelas, as roupas de cama...”. Mas ela só queria saber dos espelhos. De um em um, conseguiu juntar espelhos suficientes para cobrir todos os cômodos da nova casa. Quando enfim se mudaram, multiplicou-se no teto, nas paredes, no chão. Ocupou espaços onde nem o ar alcançava, lugares que estavam tão dentro que, sem os espelhos, ele mal podia enxergar. Sem se distinguir dos reflexos, na noite de núpcias ele coube todo dentro dela.
2 de mai. de 2008
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Um comentário:
Delícia da minha vida... sem palavras...
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