30 de jul. de 2008

Minha flor - agora eu entendo o pequeno príncipe...


Não se trata de uma rosa numa redoma de vidro amada e cuidada por um pequeno príncipe, como no livro de Saint-Exupèry. Era uma orquídea branca.


Cuidei dela por tanto tempo e agora meu coração tá doendo pois não sei ela vai sobreviver.

Ela chegou, floriu e perfumou a casa. Presente de uma pessoa importante, figurão. bem. isso não importa. Pela primeira vez eu teria um outro ser vivo sob minha inteira responsabilidade. Foi um exercício de dedicação. Eu jamias havia me dedicado a qualquer outra planta. Quando as flores começaram a murchar - eu sabia que isso um dia aconteceria - depois de dois meses, eu achava que ela não resistiria ao verão.

Pocurei ler tudo sobre este tipo de flor ornamental. As informações consultadas na internet e com amigos, ou colhidas em revistas, eram todas desencontradas. Deixar dentro de casa ou fora, à mercê do tempo? Regar uma vez por semana, duas três? Adubar? Fui seguindo meu instinto.
As flores caíram, o galho e as folhas foram perdendo a cor, ficaram amarelecidos. Sofreram um implacável ataque de fungos. Eu tinha certeza que aquele caule frágil, ressequido pelo clima, não me daria outras flores. Cuidava por desencargo de coinciência, achava desumano, ou seria desvegetano, simplesmente jogar o vaso no lixo.

Insisti nos cuidados, regava, deixei na varanda. se as orquídeas vivem nas árvores das ruas...não deu outra. Aos poucos a doença que deixou as folhas completamente manchadas, podres, foi cedendo. Cortei as partes mortas. Reguei e reguei. Ficou só um galho e uma raiz meio tímida. Por meses estive presente, ao lado dela, ali, espreitando aquele ser meio doente, torcendo, embora não achasse que ele lutava pra viver. A planta não esboçava reação aos meus cuidados. Parecia sucumbir...mas, para minha alegria, aos poucos a vida verde foi voltando...as folhas cresceram - lentamente, é verdade, - e o caule até me parecia mais grossinho. Comemorei quando notei os primeiros sinais dos brotos. Os brotos!!! Eles foram se assanhando, e eu não tinha mais dúvidas: teria uma nova florada!!! há um mês elas começaram a brotar, já eram quase quatro flores, branquinhas na frente e rosadas atrás.

Mas a gata, ah, esse ser..., a gata simplesmente, num ato de pura desconsideração com a minha flor, como se ela não fosse doce e frágil, como se não tivesse qualquer importância, tombou o vaso. O caule se dobrou. Acho que está irremediavelmente quebrado, embora não tenha se partido em dois. Fiz um curativo vegetal improvisado: amarrei o caule com um arame desses de pacote de pão de forma. Meu coração está apertado e mais uma vez me pergunto se a orquídea, que eu aprendi a amar e a quem dispensei tantos cuidados, esperança e energias positivas, vai sobreviver.

Estou triste.

13 comentários:

l.c grazinoli disse...

Eu entendo perfeitamente seu sofrimento. Eu ganhei uma pimenteira que me apeguei facilmente.
Regava, cortavas as pimnetas ja velhas e cada dia mais ela ficava mais cheia e vermelha.
Um dia resolvi dar uma banho de sol na ´vermelhinha´ e ela tombou da janela do nono andar do escritório e se espatifou no chao. (Antes que vc questione , a minha janela da fundos para um riacho e nao pra pessoas passando).
Depois disso já ganhei várias outras, mas nenhuma substitui a original.

A digestora metanóica disse...

lindo o seu cuidado. tenha esperança, amiga. cuidar provoca milagres, acredito.

beijos

Gardênia Vargas disse...

Concordo com a Gi. Não perca as esperanças :o)

Gabriel Cavalcanti da Fonseca disse...

Fiquei curioso pra saber se a plantinha está se recuperando. Está?
Tomara que sim. Bj

Monique Cardoso disse...

Ai, gente! ela ainda não deu sinais de que pode efetivamente morrer. Mas não sei se as células do caule vão de regenerar a ponto de cobrir o "ferimento" que ficou. foi uma fratura exposta bem feia. acho at~e que doeu. as flores, antes branquinhas, já estão cheias de pintinhas pretas. vamos aguardar. darei notícias. Então é cedo pra avaliar, gabriel, se ela se recupera. vou observar.
Eu sempre fui louca pra ter uma pimenteira!!! Não comprarei uma. Esperarei ganhar, aí será mais uma de quem cuidarei.
de qualquer modo, estou estudando uma maneira de pendurar o vaso na parede, para proteger dos gatos. falta apenas um estudo melhor do lugar onde ela poderá nao tomar sol direto, mas poderá receber uma chuvinha né?

isabella saes disse...

Lindo texto!! Descobri seu blog pelo do Gabriel e voltarei sempre, com certeza!!! Isabella.

Cláudia Lamego disse...

Lindo, Nique. Adoro ter flores em casa. Mas, não cuido tanto assim. Elas morrem depois de um tempo...

Olívia Bandeira de Melo disse...

Também não sei cuidar de plantas, infelizmente. E isso gera muita frustração.
Agora, sobre a relação entre gatos e plantas, também tenho um episódio pra contar.
Uma vez, já morando em Niterói, passei um final de semana na casa da tia Bel, no Jardim Botânico. Comprei um lindo vaso cheio de cactos dos tipos mais diferentes. Capitu, a desconfiada gata da minha tia, aproveitou um momento de distração de todos e atacou os cactos com toda violência.
Levei os cactos pra casa, mas já sentindo vibrações negativas. Não deu outra. Dias depois, eles morreram.

Gugu disse...

Lindo, Nique. Também acho que flores trazem mais vida pra vida da gente. E seu carinho com a orquídea vai fazê-la renascer. Lendo seu texto me lembrei dos pés de feijão que eu deixava crescer no algodão, orientado pelas professoras de Ciências da escola. Lindo mesmo acompanhar o crescimento das plantas! Beijo.

Cláudia Lamego disse...

Capitu é o nome da gata de uma amiga minha. Será que existe moda para nomes de gatos?
Gu, também tive meu pezinho de feijão. Fofo, né?

Gabriel Cavalcanti da Fonseca disse...

Tô apostando na recuperação. De repente ela só vai precisar florir de novo na época dela...
Bjs

Anônimo disse...

Compre um cactus... Não precisa de água e gato algum vai se meter a besta com ele - mesmo que seja dissimulado como Capitu...

Anônimo disse...

Quem chega na varanda do nosso apartamento não entende o motivo de presilhas, barbantes, fios, (e um cordão de crachá!) pendurados próximo ao canteiro de plantas. Um abservador mais atento, ou um curioso que se aproxime, logo desvenda o mistério. Trata-se do aparato montado pela "enfermeira" Monique para a recuperação da sua orquídea.
Vítima de um rompante de paixão da gata preta, a plantinha sofreu fratura séria, mas recupera-se. Há promessas de floradas futuras.
Em tempo: a gata não demonstrou o mesmo interesse pelas demais plantinhas da casa. Ainda hoje me parece que, de longe, comtempla longamente a orquídea convalescente.