27 de mai. de 2008

O CAROÇO E A ANDORINHA- Uma história infantil para usar o dicionário...




Acéfalo abstraído do absurdo
Acabrunhado em sua casca,
em pouca polpa envolvido.
Acaule acautelado,
Permaneceu no chão escondido:
_O caroço!

Ouviu dizer de um moço:
_ Nem todo caroço que cai na terra vinga!

Berrou o caroço:
_Eu vim, eu vingo!

Açambarcando todo o terreno.
Ia crescendo o caroço,
sem caule nem raiz.
continuava sempre....
caroço!

Era duro feito osso,
Acastanhado liso
Sem destino e sem juízo

Era acatado, respeitoso
O gigantesco caroço
de acelerado crescimento
era já um monumento,
agora mais duro que cimento!

Colossal caroço tornou-se uma ameaça
Dia a dia ele crescia
Acolá, a cidade era engolida
Era prédio, casa e avenida

Para tanta aberração
Ninguém tinha explicação
Botânicos vinham do mundo inteiro
Gastavam tempo e dinheiro

Chamou-se pois, um batalhão.
Era preciso conter essa expansão.

_Uma explosão! Disse o capitão.

Mil megatons e um caroço que continuava caroço.

A cidade assustada
não conseguia pensar em mais nada.

Chegou então, o verão
Vieram com ele as aves de arribação:
As pequeninas andorinhas em peregrinação

Feito o caroço, um mistério!
Tomavam o que restava da cidade

Em toda parte uma andorinha
Aos milhares iam e vinham
Atrás de suculentos insetos incertos

Desprevenida , certa andorinha perseguia o seu almoço:
_Um gafanhoto gordo.

No ar ele fez um giro
desviando-se do caroço.

A andorinha, coitada!
Chocou-se de bico com o colossal caroço
A Potente pontiaguda córnea proeminência
Rachou sem ponderar a sua excelência:
_O caroço.

Frutas de todo tipo saíram do Colosso
Atemóia, manga, cajá
Maracujá, caju, melancia
Banana, morango, maçã...

Alimento de sobra pra homem e pra pássaro.

Fartando a todos sem desembaraço.
O que restou do caroço gritou:
_ Vinguei!

6 comentários:

Gugu disse...

Essa é a tradução perfeita, a metáfora exata da nossa história. Devia se tornar o novo hino do Caroço. Lindo.

Gardênia Vargas disse...

Tb acho que deveria se tornar o hino do Caroço!
Mágico, hein?! Adorei!
:o)

Cláudia Lamego disse...

Muito bom, nosso poeta-biólogo-jornalista-fotógrafo-pai do Antônio!
Lindo, entrará para a antologia Carociana.

Olívia Bandeira de Melo disse...

Gente, sinto informar que a memória de vocês anda curta. Este texto é da época (saudosa época, de poemas e fotos e olhos marejados na mesa do bar da Elvira) da faculdade.
Quando o caroço - ainda fechado - não tinha vontade de explodir.

Cláudia Lamego disse...

Estávamos bêbados!

Gugu disse...

Mas é super contemporâneo!!