Acéfalo abstraído do absurdo
Acabrunhado em sua casca,
em pouca polpa envolvido.
Acaule acautelado,
Permaneceu no chão escondido:
_O caroço!
Ouviu dizer de um moço:
_ Nem todo caroço que cai na terra vinga!
Berrou o caroço:
_Eu vim, eu vingo!
Açambarcando todo o terreno.
Ia crescendo o caroço,
sem caule nem raiz.
continuava sempre....
caroço!
Era duro feito osso,
Acastanhado liso
Sem destino e sem juízo
Era acatado, respeitoso
O gigantesco caroço
de acelerado crescimento
era já um monumento,
agora mais duro que cimento!
Colossal caroço tornou-se uma ameaça
Dia a dia ele crescia
Acolá, a cidade era engolida
Era prédio, casa e avenida
Para tanta aberração
Ninguém tinha explicação
Botânicos vinham do mundo inteiro
Gastavam tempo e dinheiro
Chamou-se pois, um batalhão.
Era preciso conter essa expansão.
_Uma explosão! Disse o capitão.
Mil megatons e um caroço que continuava caroço.
A cidade assustada
não conseguia pensar em mais nada.
Chegou então, o verão
Vieram com ele as aves de arribação:
As pequeninas andorinhas em peregrinação
Feito o caroço, um mistério!
Tomavam o que restava da cidade
Em toda parte uma andorinha
Aos milhares iam e vinham
Atrás de suculentos insetos incertos
Desprevenida , certa andorinha perseguia o seu almoço:
_Um gafanhoto gordo.
No ar ele fez um giro
desviando-se do caroço.
A andorinha, coitada!
Chocou-se de bico com o colossal caroço
A Potente pontiaguda córnea proeminência
Rachou sem ponderar a sua excelência:
_O caroço.
Frutas de todo tipo saíram do Colosso
Atemóia, manga, cajá
Maracujá, caju, melancia
Banana, morango, maçã...
Alimento de sobra pra homem e pra pássaro.
Fartando a todos sem desembaraço.
O que restou do caroço gritou:
_ Vinguei!
27 de mai. de 2008
O CAROÇO E A ANDORINHA- Uma história infantil para usar o dicionário...
Assuntos:
* Marcelo Valle,
Caroço,
Histórias de criança
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6 comentários:
Essa é a tradução perfeita, a metáfora exata da nossa história. Devia se tornar o novo hino do Caroço. Lindo.
Tb acho que deveria se tornar o hino do Caroço!
Mágico, hein?! Adorei!
:o)
Muito bom, nosso poeta-biólogo-jornalista-fotógrafo-pai do Antônio!
Lindo, entrará para a antologia Carociana.
Gente, sinto informar que a memória de vocês anda curta. Este texto é da época (saudosa época, de poemas e fotos e olhos marejados na mesa do bar da Elvira) da faculdade.
Quando o caroço - ainda fechado - não tinha vontade de explodir.
Estávamos bêbados!
Mas é super contemporâneo!!
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