Acho que todo mundo que algum dia escreveu algo com qualquer pretensão "artística" fez querendo ser o escritor que outro foi. Acho também que a gente lê porque descobre um autor que escreve aquilo que a gente queria ter escrito.
Este preâmbulo é para dizer que a Civilização Brasileira acaba de lançar obras inéditas no Brasil daquele que, sem sombra de dúvida (talvez dividindo com Barthes esse posto), foi o escritor que eu queria ser, se um dia tivesse a audácia de tentar: Julio Cortázar.
Ontem não havia os livros na livraria, mas a piauí adiantou alguns poemas, entre eles este:
O SONHO
o sonho, uma doce neve
que beija o rosto, e o rói até encontrar
lá embaixo, sustentado por fios musicais,
o outro que acorda.
(trad. de Ari Roitman)
Quatro linhas que emocionam mais que todas as páginas e mais páginas que li atualmente.
4 de set. de 2008
Por que você escreve (e por que lê)?
Assuntos:
* Lucas Bandeira,
literatura
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3 comentários:
Sou burra, nunca entendi Cortazar.
Lindo mesmo, Lucas.
A poesia consegue operar a mágica de substituir páginas e mais páginas. Lindo. Obrigada.
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