13 de jun. de 2008

Caroço de Pequi para bocas imprudentes



É isso aí, pra quem não me conhece, meu nome é Pequi. Caryocar brasiliense para os cientistas. Ah, sei lá!Chamem-me como vocês quiserem!. Mas preferencialmente, não me chamem! Deixem-me quieto, não me importunem .


Sou fruto do cerrado. Sou acostumado com os desequilíbrios brasileiros, do planalto central e de uma vastidão de terras. Carrego em mim o exagero de chuvas do verão, dias inteiros de água, água e mais água, uma abundância um exagero, um desperdício. Trago dentro de mim a parcimônia a economia da palavra de vidas secas e a seca do fim do inverno. Aprendi a esperar como os animais da savana africana, que páram nas horas mais quentes, para baixar seus metabolismos. Aprendi que há época de vacas gordas e magras. Tem a hora de falar e a de calar.

Por essas terras, é bom saber aproveitar as épocas boas o melhor possível para aguentar , sem surtar, nas épocas de vacas magras. Este é o nosso ciclo fundante, brasileiros. E eu sou fruto disso. Como as sementes que esperam até 10 anos para germinar. Como o peixe poraquê, que se enterra na lama e espera, espera, espera. A chuva.

O que vocês aí do litoral não entendem é que nós do cerrado, das árvores tortas como as pernas do Garrincha, somos quietos, desconfiados e calados. E é bom até não abrir a boca, se você não tem nada a dizer. O ar seco daqui e do pó vermelho, que impregna cada poro de peles esturricadas de sol, poeira e secura entra mesmo nas bocas imprudentes.

É por isso que eu estou aqui, duro como um caroço. Como dissera Seneca no Senado Romano, agora eu vou falar. Mesmo que a poeira entre. Aqui vai o meu recado: é tempo de ferir as línguas incautas. Muitos esquecem que eu, Pequi, sou espinhoso por dentro, e quem vai com muita sede ao pote, seduzido pelo meu perfume inebriante, acaba ferido, pela própria ganância. Tem muita língua que se acha ferina, mas que não passa apenas de língua imprudente.

Sou caroço de pequi. Quero perfumar o ambiente caroçal, e dar uma cor ao grão de arroz, do nosso dia-a-dia. Mas não se enganem, leitores. Os incautos de línguas ferinas. vai pegar vocês. E aviso logo, vai doer. Mas a dor que o caroço do pequi provoca é a dor interna, menos pelos meus espinhos, e sim a dor da imprudência das línguas incautas.

Tá cheio aí de gente supostamente ferinas. Arnaldo Jabor, Miriam Leitão, e o líder-mor, Diogo Mainardi. Nelson Rodrigues ia gostar de estar vivo para dar uma lição nestes filhotes de polemistas. Ele ia dar uma coça de parabelo em cada um destes aí... Mas chegou a hora de reviver, com a benção de Stanislaw Ponte Preta, a observação de bobagens que assolam os que estão quietos. Neguinho vai comer caroço de pequi e vai ver a própria ligua ferida com o próprio veneno. Além do veneno do pequi

Se liga na missão!



Caroço de pequi.

6 comentários:

Gugu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gugu disse...

Oi, Lúcio! Seja bem-vindo!

Olívia Bandeira de Melo disse...

Olá, Lúcio, saudades!
Aguardo ansiosa o perfume, a cor e os espinhos!

Gardênia Vargas disse...

Oi Lúcio, prazer :o)

Cláudia Lamego disse...

Lúcio, adorei "filhotes de polemistas". Mas gosto do Jabor, embora saiba que ninguém, ninguém chegará aos pés do grande Nelson (nem temos mais as questões transcendentes daqueles tempos, né?). Ih, nostalgia do que não vivi, xô!
Bem-vindo!

Deia Vazquez disse...

Tomara que o caroço de pequi apareça mais por aqui com as notícias do cerrado.