Por razões de saúde estive um pouco afastada desse blog. Infelizmente, o que me incentiva a voltar é uma notícia lamentável. Não pensei num título criativo, mas isso não tem a menor importância. Uma equipe de reportagem do jornal O Dia, infiltrada em uma comunidade para fazer uma matéria sobre como é o dia-a-dia numa favela dominada por uma milícia, foi descoberta, torturada e permanece ameaçada de morte, fato ocorrido há 15 dias e noticiado no jornal deste domingo para segurança dos envolvidos. A redação da publicação trabalhou hoje com as portas fortemente trancadas. Não quero propor uma discussão sobre coisas como "fere a liberdade de imprensa", "desrespeito às instituições"...Não tenho também um pensamento organizado sobre tudo, apesar de muita gente estar especulando como eles agiram, se deram bobeira ou não, se tudo foi bem ou mal planejado, de quem é a responsabilidade, nem se o jornal acaba até lucrando pois tá vendendo igual água. Também não quero falar de milícias, traficantes, poder paralelo.
Penso nos três seres humanos envolvidos. Estavam lá para denunciar a opressão vivida por gente pobre, sentindo isso na própria pele e num clima de tensão, sempre, imagino, com medo de serem descobertos. São jornalistas (motorista e fotógrafo muitas vezes ajuda à beça numa apuração, muitos tem um faro danado), não investigadores profissionais. Eles aparanham muito. Não imagino a dor que é ficar levando socos e chutes de um monte de homens. Não consigo imaginar o que é estar sob totura psicológica com uma arma apontada pra cabeça, não sei o que é ter um saco plástico na cabeça. Não sei o que é ter medo de morrer. Isso não é filme. Aconteceu com três colegas. Estou profundamente chocada. E triste. Como estas pessoas vão superar isso? Vão superar? Vão sobreviver a isso?
1 de jun. de 2008
Caso Jornal O Dia
Assuntos:
* Monique Cardoso,
acontecimentos reais,
mídia
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário