Não é de hoje que venho tentando eliminar os refrigerantes da minha vida. É muita cafeína, acidulante, corante, estabilizante, antioxidante e edulcorante (adoçante) para uma pessoa só. Além de gastrite e aumento do colesterol, a prática pode me levar a desenvolver um câncer no esôfago, e eu não estou a fim de morrer desse jeito. Não mesmo.
Fico imaginando a dificuldade dos pais em educar seus filhos a ingerirem líquidos mais saudáveis. Os refrigerantes estão por todos os lados, nas ruas, nos bares, nas cantinas escolares, nos hospitais, nas bancas de jornais e nas prateleiras dos supermercados, obviamente. Embalagens coloridas e cintilantes. Quase lúdicas.
Dados da Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não-Alcoólicas) revelam que os brasileiros consomem, anualmente, 66 litros de bebidas não-alcoólicas. Nesse rol estão, além de refrigerantes, os chás, sucos, energéticos, isotônicos e águas minerais.
O consumo médio diário de refri, no Brasil, é de 165 ml. A campeã disparada, segundo a AC Nielsen, é a Coca-Cola comum, com 37,3% do mercado. Depois vêm a Fanta Laranja, com 6,4%, Guaraná Antarctica (5,7%), Pepsi (4,1%) e Coca Zero (4%). Donde se conclui que, até nesse setor, somos engolidos pelas multinacionais. A Coca detém, absoluta, espantosos 50% do mercado nacional.
Um mercado disputado, que gera grandes lucros. Mas como ficam as empresas brazucas? Informações da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebas) dão conta de que, nos últimos cinco anos, cerca de 66% dos produtores de refrigerantes brasileiros deixaram de produzir, provocando a demissão de mais de 50 mil trabalhadores.
A explicação é que as multis ganham isenções fiscais, o que prejudica os nossos fabricantes. Nesse cenário, as marcas brasileiras perdem forças e se restringem aos mercados locais. É o caso de Xereta, Maracanã, Frutty, Fanny, Simba, Kareta, etc. Com mais expressão, marcas como Dolly e Schin ainda conseguem ir mas longe.
A força do Jesus
De cor rosa é sabor adocicado, o Guaraná Jesus, popular em São Luís do Maranhão, foi criado pelo farmacêutico Jesus Norberto Gomes, em 1920, época em que sequer havia refrigerante no País. Reza a lenda que a bebida surgiu acidentalmente, quando Gomes tentou sintetizar um remédio famoso na época utilizando uma máquina de gaseificação importada. Não se sabe ao certo a composição, mas dizem que há no refrigerante 17 ingredientes, entre eles ervas e produtos que o farmacêutico descobria em suas viagens pela Amazônia.
A família de Jesus manteve fábrica própria até o início de 1960. Os filhos que comandavam o negócio do pai farmacêutico partiram para São Paulo e a família decidiu vender a fábrica - mas não a marca - para a Antarctica. Naquela ocasião, os Gomes acusaram a empresa de adulterar e boicotar o produto, iniciando então uma briga judicial. O contrato foi rompido, mas a família ficou sem fábrica para produzir a bebida.
Por isso, o Jesus ficou sete anos fora do mercado até ser vendido, em 1980, para a Companhia Maranhense de Refrigerantes, que já tinha licença para fabricar e distribuir a Coca-Cola no Estado. Embora seja distribuído apenas no Maranhão, o produto pode ser encontrado na Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e em outros pontos específicos escondidinhos pelo Brasil.
15 comentários:
Gu, vocêe squeceu no niteroiense Mineirinho!!!
Cortei o refrigerante da minha vida aos 14 anos. Na época, era muito mais difícil, considerando que os sucos em lata, mates, guaravitas e chás passaram a exisitir no mercado ou ser melhor distribuídos só anos depois.
Lembro bem que só no final de 2000 tomei meu primeiro Suco de Valle, que era de fabricação mexicana.
Sim, Gi, como pude esquecer do Mineirinho, que amo tanto?? Beijo.
Tem também o Guaraná Mantiqueira, que é vendido no Sul de Minas!!!! rsrsrrs Saudades do Simba sabor Tutti-Fruti. Era vendido em garrafa de cerveja e custava menos que uma coca 300 ml...
mudando de assunto, eu quero saber por que os tricolores desse blog andam tão quietinhos.
Em Barra do Piraí nós tínhamos a Guaranita, Mira, que equivale ao Simba. Eu tomava uma garrafa sozinho. E geladinha. Delícia!
Os tricolores não estão quietinhso não. Estamos concentrados e confiantes para a apoteose tricolor que vai virar o templo do futebol na próxima quarta.... aguardem...
E ai de quem mora em frente ao tal templo, né?
Também estou torcendo pelo Fluminense, mané. Saiba que não faço isso por você ou pela Lu, mas pelo Nelson Rodrigues e pelo Chico Buarque.
Ah, e pelo meu chefe também. Tou precisando de um aumento.
Pô, sério que vc considera mais dois reles mortais como Nelson e Chico do que a gente?
Gu, também amo o Mineirinho. Nessa minha fase, só tenho tomado refrigerante. Não consigo tomar suco. Só de uva, mesmo assim, com dificuldade.
Mira: eu penso muito em você e em outros amigos durante o jogo. Mas, pior que a Gi, eu torço é pelo Renato Gaúcho!!! Ahahahahaha
A força do guaraná Jesus é grande, é o refrigerante preferido no Maranhão. Mas, infelizmente, está nas mãos da Coca-cola, né?
A revista Piauí, na seção esquina de junho de 2007, contou ótimas histórias sobre a família do Jesus. Vale a pena conferir:
http://www.revistapiaui.com.br/artigo.aspx?id=77
Rapaaaz,
O guaraná Jesus foi minha única decepção em São Luís - cidade que é o maior astral, apesar da corja que manda lá.
É que os poucos maranhenses que conheço ficaram me enchendo os ouvidos com o Jesus: "Tem que provar! É rosa, tem gosto de canela, o povo maranhense tem baita orgulho dele, etc."
A sede era tanta que resolvi provar no aeroporto mesmo, da lata pra goela. "Aaaaaaaaaargh! Bleargsxdsddsh... PQP! Merda!" Era uma bala boneco dissolvida!
Vou ver se leio a história linkada pela Lili, pra dar uma aliviada na memória ruim que guardei do Jesus...
Abração, inté.
Nunca provei, Pepê, mas, pela descrição do sabor, já imaginava que era assim. Aliás, bateu uma nostalgia quando vc falou da bala boneco... rs Abraço.
Minha vó comprava bala boneco pra mim, escondido da minha mãe, quando morávamos no Fonseca. Deu saudade também, Gu.
Na feira de São Cistóvão vende-se guaraná Jesus a preço de ouro (ou de artigos "importados", rs).
Acho que este é um tipo de produto cujo gosto está associado, sobretudo, a relações afetivas. Como o jambo. É minha fruta preferida e, quando digo isso, escuto as exclamações de espanto: "Como! Esta fruta é absolutamente sem graça!".
Mas é a fruta da minha infância, das brincadeiras no pé, do tapete de flores cor de rosa no chão, ou seja, da minha memória afetiva.
Marcelo tem uma linda foto do Guaraná Jesus, se achar envio pra vocês.
A minha "fruta afetiva" é o araçá, Lili. Me vêm as melhores lembranças da infância associadas a essa fruta. Beijo.
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