26 de jun. de 2008

Equipe da UFRJ sobe no pódio mais uma vez na Holanda



Brasileiros já ocupam a quarta posição geral da Frisian Solar Callenge

No fim desta quarta-feira, a equipe do Pólo Náutico da UFRJ, que participa da Frisian Solar Challenge, na Holanda, subiu no pódio mais uma vez. O piloto Rafael Coelho fez os 32km do percurso Stavoren - Bolsward em 3 horas e 20 minutos, chegando em terceiro lugar, repetindo o desempenho do dia anterior e garantindo o quarto lugar geral da competição que envolve outras 48 equipes, todas européias.

A Frisian Solar Challenge é um rali de barcos solares, projetados e construídos pelos próprios participantes, e caracteriza-se como uma forma de divulgar e popularizar fontes alternativas de energia para embarcações, que costumam utilizar motores de combustão.

No site oficial da Frisian Solar Challenge, o time carioca chegou a ser definido como o exótico do samba brasileiro. Em matéria do dia 11 de junho, a Agência de Notícias Holandesa (Dutch National Press Agency), com um certo tom de desdém, disse que a equipe da UFRJ não era de encher os olhos no quesito tecnologia, mas certamente chamava a atenção por ser a única não européia da competição.

Nos três dias que precederam o início oficial da competição, no domingo, dia 22 de junho, os barcos e os pilotos de todas as equipes passaram pela inspeção técnica classificatória da corrida. Foram avaliados os cascos, os circuitos elétricos e os itens de segurança das embarcações. Para os pilotos oficiais e seus suplentes, houve testes de natação e manobra.

No domingo, a equipe saiu em décimo primeiro lugar, posição conquistada depois de duas provas para definir a largada: uma primeira de 10km, a qual deveria ser realizada no tempo limite de uma hora e 15 minutos, que o Copacabana completou em 1h04m, e também um teste de sprint, em um percurso de 70 metros, com velocidade máxima. Algumas equipes voltaram para casa. Após a prova, devido aos fortes ventos, o Copacabana virou e teve que ser resgatado pela equipe de terra. No acidente, o barco perdeu um dos painéis solares, o qual foi reposto pela organização da Frisian.

Na segunda-feira, depois de uma noite de trabalho reparando o sistema eletrônico e instalando o novo painel solar, a equipe Copacabana estava de pé às sete da manhã, pronta para a última fase de inspeção técnica, marcada para as 11h30 da manhã, horário local. Felizmente para a equipe, o tempo não havia melhorado. Devido aos ventos fortes e a chuva em Leewarden, os organizadores decidiram adiar o início das provas para as 15h, dando mais tempo para a equipe brasileira testar melhor o sistema já reparado.

Na perna de segunda-feira, os barcos percorreram o trecho de 25 km entre Leewarden e Sneek. Chegando na cidade destino, um outro desafio: os canais do local são cruzados por muitas pontes baixas que os pilotos dos barcos optavam por evitar ou atravessar, o que exigiu um trabalho de estratégia de navegação e criatividade das equipes de terra. Nesta primeira perna da competição, Leewarden-Sneek, o Copacabana completou em sétimo lugar.

Na terça-feira, na segunda perna da competição, nos 42 km de canais entre Sneek e Stavoren, os brasileiros concluíram em terceiro lugar, atrás apenas do barco polonês de Gdansk e do holandês de Groningen. O Copacabana manteve a velocidade de 10km/h e completou a perna em 4 horas, 17 minutos e 45 segundos. A embarcação se beneficiou de um trecho de sombra do canal, de 20 minutos, que fez cair a velocidade das embarcações. Os motores mais potentes precisam de mais energia e, sem poder captar a energia solar pelos painéis, rapidamente consomem suas baterias extras. O motor do Copacabana, mais econômico, permite um uso de 30 a 40 minutos de bateria mesmo na sombra.

O time subiu pela primeira vez no pódio na terça-feira, no camping de Stavoren, onde foram parabenizados pela organização da competição e pelo prefeito da cidade.

A Frisian Solar Challenge começou no dia 21 de junho e termina no próximo sábado, dia 28.

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Mais sobre a Frisian no blog da Equipe Copacabana.

5 comentários:

Gugu disse...

Parabéns aos exóticos! Provamos ao mundo que não temos só balacobaco. Aliás, Gi, a matéria está MUITO bem escrita. Quem é leigo, como eu, entende tudo. Parabéns.

A digestora metanóica disse...

Valeu, Gu!

Soube hoje de manhã que o barco que estava em segundo lugar quebrou. Amanhã termina e competição e provavelmente ficaremos entre os cinco no quadro geral e em terceiro na nossa classe.

O Copacabana está na frente de barcos que custaram 1 milhão de dólares!!!

Gugu disse...

É o famoso jeitinho brasileiro, só que no bom sentido. Vamos longe!

Olívia Bandeira de Melo disse...

E a questão da energia solar é super interessante. Gisele, este assunto está sendo bem divulgado na mídia de modo geral?

A digestora metanóica disse...

Gente, o Copacabana ficou em quarto, 3 minutos atrás do terceiro colocado, um barco holandês.

Saiu em vários lugares, Lili. Em sites e em impressos também. No sábado, rolou uma entrevista de 15 minutos com o Fernando na CBN.

Sobre o uso da energia solar, copio e colo aqui um trecho da matéria que fiz:

"Além da boa classificação, a equipe trará experiências que poderão ser aplicadas em projetos de embarcações movidas à energia solar e de propulsão elétrica. Para Fernando Amorim, a competição representou '10 anos de aceleração' no trabalho que vem sendo desenvolvido na universidade:

- Voltaremos com uma outra visão sobre a utilização da propulsão elétrica, abrimos uma fronteira de inovação tecnológica. Tivemos a oportunidade de trocar informações não apenas sobre construção de embarcações, mas também sobre novos circuitos e motores. O Brasil tem todas as condições de entrar no cenário internacional de produção desse tipo de tecnologia, antes que se consolide como um cartel – opina o professor.

(...)

O uso de embarcações com motores de propulsão elétrica e sistema de energia alimentado por painéis solares, além de favorecer o meio-ambiente, também pode reduzir a zero os custos de transporte de passageiros e de carga, bem como ampliar serviços como o de coleta de lixo nas águas. A manutenção de motores elétricos é mais barata que os de combustão, a diesel ou gasolina, e os painéis solares têm durabilidade superior a 15 anos. Apesar das vantagens e dos altos níveis de irradiação solar em todo o Brasil, não há no país empresas que fabriquem esses painéis."