Segue o giro das marchinhas pelo Brasil.
Com mais um carnaval e outros tantos lipídios, levamos nossa mycaretha à modda antiga a Porto Alegre, que, assim como Curitiba, se encasacou até onde pôde pra brincar num Theatro São Pedro centenário e muitíssimo bem cuidado.
“O pessoallaqui não costuma abrir este palco para eventos que não sejam de música clássica”, advertiram antes do espetáculo os mesmos foliões que, bufando de tanto pular no bis (Cidade maravilhosa), arremataram assim: “Mas quem disse que esse carnaval não é clássico?”
Isso porque eles provavelmente não provaram da Torta Goya que encontramos no Café do Margs, esta sim uma clássica. Foi criada durante uma exposição de pintores espanhóis (feita de nozes diversas, maçã e licor de amêndoas) e desde então não saiu mais do cardápio.
No affan de emagrecer (pelo menos a consciência), caminhou-se um bocado: primeiro pelos arredores do hotel, muitíssimo bem localizado, perto da Praça da Alfândega. Por ali estão a Rua da Praia (que leva ao Gasômetro, na beira do Guaíba), a Casa de Cultura Mário Quintana, o Santander Cultural e o bom mercado da cidade.
Mercado que tem como carro-chefe artigos de macumba (fortíssima por lá, ao contrário do que muitos pensam), muita erva mate e roupas de gaúcho.
Outra boa caminhada foi a que fizemos até o Brique da Redenção, onde os “bagual” se encontram no domingo de manhã pra tomar chimarrão, fazer resenhas diversas e comprar artesanato (como se percebe, feirinha de artesanato dá em tudo quanto é canto). A novidade de lá foi o quentão que bebemos às pressas pra espantar o frio minuano, além da doceria Maomé, para repor as ener... calorias (numa ambrosia de lamber os beiços).
O curioso é que chegamos ao frio do domingo (10°C de manhã!!!) depois de uma sexta e um sábado ensolarados (por volta dos 25°C). Não fosse o Climatempo, estaríamos numa pior.
...como quase estivemos nas mãos do motorista da van, que, pela forma com que ignorava o sinal vermelho (a 100 por hora!), ou era daltônico ou gremista.
De volta aos assuntos etílicos, encerro o pôste com vivas à churrascaria Na Brasa ("carne de engraxar os bigodes!", diziam os garçons), onde provei a ótima Serramalte - cerveja preferida do maestro Radamés Gnattali, ilustre filho da terra.
9 comentários:
Crônicas deliciosa, caro amigo! Como é bom viajar com você por aqui. Fico sempre esperando os próximos capítulos do seu diário de viagem! Abraço.
Muito engraçado vc falar da loja de artigos de macumba e dizer que é fortissimo por ai.
Vc sabia que o RS é o estado que mais se declara praticante de religiões afro no brasil?
E a Bahia , se não me engano está décimo ou algo assim, e esses dados não são do IPEM (instituto de pesquisa eu mesmo) sao do IBGE.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u50661.shtml
http://www.adiberj.org/modules/news/article.php?storyid=1262
Saudades do Fórum Social Mundial, das churrascarias baratíssimas, do pôr-do-sol no Guaíba, da Alaminuta, do bolo orgânico feito por uma cooperativa do MST, da Serramalte e, claro, do céu estrelado em forma de cúpula!
Alô, Gugu: deliciosas porque só falo de comida, né...? Pior que o pessoal come (e bebe!) direitinho na estrada.
LC: Sim, sim! No litoral sul do estado, se não me engano em Rio Grande, o mar ferve na festa de Iemanjá. Amigos meus que batem tambor já estiveram lá e disseram que nunca viram nada igual...
Lili: perdi esse pôr-do-sol no Guaíba, mas parte da caravana esteve lá e disse que é um espetáculo. Também faltou olhar com mais cuidado pro céu tão caro a Mário Quintana... Acho que vou ter que voltar.
Beijos!
Serra Malte é de primeiríssima! Uma dica: aqui no Rio, pode ser encontrada no Plebeu e na Toca do Baiacu (boteco ao lado da Livraria folha Seca). Mestre Pepe, espero o senhor amanhã...
Nunca fui a Porto Alegre. Quero muito!!! Adoro suas crõnicas. Quero viajar ;o)
Beijos
Isso mesmo, L.C.
A macumba é mesmo forte por lá. Uma das primeiras matérias que fiz aqui no jornal mostrava que, segundo o IBGE, tem muito mais praticantes no Rio Grande do Sul que na Bahia.
Também adoro essas crônicas. Mal posso esperar pela de Vitória. E de Belém, Manaus, Belo Horizonte...
Moutinho: gratíssimo pela dica. Feliz cumpleaños!
Valeu, Gardênia. Porto Alegre é um barato!
Amor: esses estereótipos que caem por terra são a melhor coisa de viajar por aí. Baiano no chucrute, paulista bronzeado, mineiro sóbrio e gaúcho hômi.
Sua matéria aqui ó: http://www.oxum.com.br/site/novidadesInterna.asp?idNoticia=5
Beijos.
Adorei a dica da Toca do Baiacu. Nunca fui ao local, mas só pelo nome já me sinto compelido a visitá-lo.
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