25 de abr. de 2008

Recife no sassarico

"A maquiagem pode transformar a mulher? Sim ou não? Ligue agora para o Interativo e dê sua opinião!!!" Enquanto o SBT local recolhia as respostas, moças eram maquiadas por uma senhorinha roliça ao som das atrações divulgadas: os Vilões do Forró, Petrúcio Amorim e Sassaricando. Segue o baile.

A resenha do programa foi feita no Leite, restaurante de 1882 que é uma espécie de Lamas mais arrumadinho. Fica na balbúrdia do Centro, entre lojas de telefone celular e saquinhos com peixes ornamentais. Pratos honestos, sobremesas mais ainda.

Ali perto, no Bairro Recife, a travessia entre o Marco Zero e as esculturas de Brennand é feita no bote de Seu Severino, que aproveita a companhia (R$ 2, ida e volta) pra elogiar Lula e se dizer prosa dos 42 anos como barqueiro.

Convidei pra ir ao Sassaricando à noite, mas disse que não poderia (“Durmo cedo”). Os aplausos loooongos e intensos do Teatro de Santa Isabel lotado – belíssima construção da segunda metade do século 19 – resultaram em lágrimas de esguicho em todo o elenco. Reação igual só se viu em Niterói e Brasília.

Do repertório, aplausos especiais para Criado com vó e O teu cabelo não nega, duas marchas locais, a segunda “emparceirada” por Lamartine Babo – que aproveitou um refrão que o Recife inteiro já cantava e fez a segunda parte.

Na platéia, o estado maior do frevo foi anunciado no fim do espetáculo: o cantor Claudionor Germano e o maestro Duda.

Por falar em frevo, o belo samba Recife, cidade lendária (poema de Manuel Bandeira musicado por Capiba) tem gravação arretada de Chico Buarque e Raphael Rabello. Durante a audição, sugere-se abstrair o videozinho sem vergonha que cobre a música.

Aliás, foi experiência curiosa ouvir este samba em Olinda, enquanto tomava um café na parte baixa, imaginando a fervura do carnaval por aquelas ruas. Ali do lado, conheci o Museu Mamulengo – Espaço Tiridá. Por injustos R$ 2, fiz visita guiada pela história de Mateus, Catirina e Tiridá, entre outros bonecos. De quebra, inda parei na vista da foto.

Do vendedor de coco em frente ao hotel: “Aqui em Boa Viagem dá mais tubarão do que mulhé feia. Olhe em volta... Mas olhe mesmo. Olhou? Pronto. E aí... Tá com medo? Das mulhé ou dos tubarão?”

Por fim: alguém aí tem a receita de bolo de rolo?

11 comentários:

Deia Vazquez disse...

Sera que ter a receita do bolo de rolo resolve? Deve ser dificil demais fazer aquilo. Que delicia eh aquilo!
PP, sera que um dia ainda vejo Sassaricando?
Sensacional essa do tubarao/mulher feia!

Lucas Bandeira disse...

Putz, pelo que vi na internet, a música é do último disco do Raphael Rabello: http://www.diarioon.com.br/arquivo/3171/lazer/lazer-152.htm.

Esse da mulher feia parece um comentário dum "popular" que um amigo meu ouviu na Central do Brasil:
"Rapaz, não aguento quando passo aqui na Central. Só tem mulher bonita, fico louco!" hehe

Pedro Paulo Malta disse...

Lucas: isso aí. Foi o último disco - discão! - do Raphael. Outra bela faixa é o Ney Matogrosso cantando Serenata suburbana. Valeu pelo link.

Déia: se esse povo inglês fosse da fuzarca, poderíamos levar nossas marchinhas à "sua" terra. Quanto ao bolo, deve ser um a arte deixá-lo molhadinho e arenoso (palavra que mais se aproxima daquela textura de massa meio crua).

Beijos.

l.c grazinoli disse...

Acho que o grande mistério do bolo de rolo, sem duvida nenhuma é fazer a massa ficar fininha. Quase que impossivel a quem se acostumou com rocambole.

Se tu tiveres ainda em recife, tem uma padaria enorme em casa forte, que é especializada em bolo de rolo, infelizmente nao lembro o nome.

O Leite é um restaurante foda, mas se ainda estiveres por ai, vai outra dica imperdivel de quem ja viveu muito por essas terras.

Vá ao 19 DP, é um bar/boteco em frente a praia do Pina, ou seja, no sentido boa viagem centro , vc vai entrar numa ´´favelinha´´ a beira mar e encontrar esse bar na praia. Tem o melhor peixe e camarao frito da regiao e ainda é super hiper barato.

Vá ao mercado madalena, se nao comes um bode , pelo menos um caldinho de Fava vai bem.

Saudades imensas dessa cidade.

E qto a Sassaricando, eu vi e achei sensacional.

Gardênia Vargas disse...

Eu trouxe um bolo de rolo da Bahia!
Eu amooooooooo, mas é calórico que Deus me livre. risos

Gardênia Vargas disse...

PP adorei sua "vista" de Recife e Olinda. Passei dois meses por essas bandas há uns anoa atrás. E o Rio que me desculpe, mas o melhor carnaval do mundo é o do frevo, maracatu e caboclinho. Salve Recife Antigo, a Rua da Moeda e o Marco Zero. Salve a noite dos tambores silenciosos. Salve as prés de carnaval de Olinda, os palcos espalhados com shows de Lenine, Lula Queiroga, Mestre Ambrósio e Spok Frevo. Shows do Cordel do Fogo Encantado, Antonio Nóbrega e todas as bandas locais. Salve os blocos de rua, o Enquanto isso na sala de justiça e o quanta ladeira. Salve a cultura Brasileira :o)

PS: ainda sim, amo o carnaval do Rio, é o segundo melhor do mundo - risos.

Cláudia Lamego disse...

Salve Antônio Nóbrega!
Garden, se tem uma coisa que gosto de fazer no jornal no plantão de carnaval é fechar as lindas matérias que nossa correspondente na capital da cultura nos manda. Lendo os textos, ouvindo os discos e vendo apresentações do Nóbrega aqui no Rio, fico com água na boca e uma só certeza: é mesmo o melhor carnaval do Brasil!

Outro dia, aliás, o Antônio Risério, poeta, antropólogo e especialista em cultura baiano (que conheci estudando Glauber), escreveu um texto dizendo que Pernambuco ultrapassou a Bahia (agora mais conhecida pelo axé, Ivete Sangalo e outras baboseiras gostosas) em termos culturais. Concordamos, né?

Amo o Lula Queiroga, Lenine, esse povo todo. E nunca me esqueço de um show do Nóbrega no Sesc Ginástico, em que a orquestra desceu para o foyer e fez um belíssimo carnaval para os cariocas. Putz, imagine in loco!

Você já foi a Recife? Não? Então, vá! Lá também tem munguzá, não é, amor?

Cláudia Lamego disse...

Aliás, amor, você já está intimado a fazer o diário de bordo do Sassaricando por aqui. Semana que vem tem Bahia, gente! Ô, beleza!

Beijos, o post está maravilhoso! E ainda tem um Chico Buarque com Raphael Rabello de lambuja! É muito craque junto...

Pedro Paulo Malta disse...

Amor: bela lembrança o show de Antonio Nóbrega e Spok no Sesc Ginástico, a poucas semanas da estréia do Sassaricando, naquele mesmo teatro. Bem lembrado também o munguzá do café-da-manhã do hotel: como pude esquecer?

Concordo contigo quanto à ultrapassagem musical pernambucana, principalmente por conta do axé que infesta Salvador. Verdade que Recife tem um tal forró eletrônico (como esses Vilões), mas é só contabilizar as atrações listadas pela Gardênia (+ Alceu Valença, Duda, Claudionor, Lia, Selma do Coco...) pra constatar que o saldo está bem positivo.

Gardênia: deve ser bão esse carnaval!!! Engraçado como Olinda fora do carnaval tem um quê de Maraca vazio.

LC: Que bom que você gostou do Sassaricando! Infelizmente, já estou longe da padaria em Casa Forte (aliás, que bairro!), do 19DP e do Mercado Madalena - bode eu comi da primeira vez que estive lá, há três anos. Confesso que não gostei.

Abraços y beijos - semana que vem tem Salvador (será praticamente um diário gastronômico).

Olívia Bandeira de Melo disse...

Lembranças de Olinda, que delícia! Estava lá num encontro de ONGs de todo o Brasil, em novembro passado. Numa noite fresca, subia uma das ladeiras de Olinda junto com Bernardo, de BH. Pensei alto, "como esta cidade me lembra Diamantina"! Bernardo respondeu: "Olívia, estava pensando a mesma coisa".
Na subida, entramos na Adega do Véio, minha dica pra quem for a Pernambuco. No balcão, eu, Bernardo e alguns cariocas e paulistas pedimos uma cachaça. O Véio nos serviu, a princípio sem entusiasmo, até descobrir que eu e Bernardo éramos (somos) mineiros. O tratamento mudou e Véio disse: "Olinda é como se fosse Minas. Ou Minas é como se fosse Olinda".
Ficamos lá até de madrugada, ouvindo casos, contando casos, comendo queijo, tomando cachaça. No teto do boteco, pendurados cordéis, mata baratas, brinquedos de plástico, alho, cebola, buchas, cacarecos. Mas uma coisa me chamou a atenção, uma rabeca. Resolvi perguntar à esposa do Véio quanto era.
"Seiscentos reais, é do Mestre Salustiano", ela me respondeu.
Engoli o espanto com mais um gole de cachaça.

Cláudia Lamego disse...

Ah, esses mineiros...