17 de abr. de 2008

Adriana, de trás para frente














Num post antigo (já temos isso!!), a Nique escreveu sobre a Fernanda Takai, o que gerou inúmeros comentários musicais aqui no blog. Eu citei, como exemplo de cantoras da nova geração que gostava, a Roberta Sá. Dias depois, eu me peguei pensando: e a Adriana Calcanhoto, por que não falei dela? (embora ela não seja da nova, mas, para mim, da - por falta de outro nome -, intermediária geração, assim como Marisa Monte)

A minha sobrinha Carminha, a loira de personalidade mais forte do Brasil, está numa fase sapatilha rosa total. Então, lembrei de apresentar a ela a “música da bailarina”, através do disco da Partimpim. A ocasião era especial: iríamos assistir juntos, eu, ela e o titio Pepê, ao bandão da Escola Portátil de Música, na Uni-Rio (que acontece todos os sábados, ao meio-dia, e é um dos melhores programas musicais do Rio, seguido de um almoço na Urca com os professores).

No carro, ela folheava o encarte e pedia: “a música da balalina de novo”. Pois, falo do disco para admitir: só fui conhecer melhor e apreciar a Calcanhoto depois que ela se travestiu de Partimpim. O disco, feito para crianças, encantou adultos e, como o “Brasileirinho de Bethânia – que nasceu para ser só um projeto sem muitas pretensões comerciais – estourou e virou show e até DVD.

Antes, Adriana Calcanhoto não passava de uma voz bonita, que, se não me engano, ouvia em novelas e rádios com hits pops como “Mentiras” (“Nada ficou no lugar/eu quero quebrar essas xícaras/eu vou enganar o diabo/eu quero acordar sua família/eu vou escrever no seu muro/e violentar o seu gosto/eu quero roubar no seu jogo/eu já arranhei os seus discos/Que é pra ver se você volta...”).

Mas, as coincidências da vida... Justamente, quando eu curtia o CD da Partimpim, uma jornalista do Globo fez um bazar de seus discos no jornal (para pagar dívidas, achei) e vendeu tudo por R$ 10 cada. Eu arrematei três da cantora, dois do Caetano, não me lembro mais quais (a biografia da Nara ela também vendeu por R$ 10, mas alguém chegou antes de mim). E assim eu passei a ouvir mais Calcanhoto, a conhecer sua aproximação com a poesia, a admirar suas referências e cores, as influências, de Caymmi a Waly Salomão, passando por Chico, Caetano e pelo cinema de Joaquim Pedro de Andrade ao pop de Eduardo Dussek.

Voltando à janela de comentários sobre o texto da Nique, dias depois fiquei pensando que eu deveria ter citado a Calcanhoto como uma de minhas preferências, aproveitando para fazer a pergunta que o Segundo Caderno, do Globo, me respondeu hoje em sua capa: por onde anda a autora de “Cariocas”? Estava gravando um disco, “Maré”, que está sendo lançado agora e é, segundo a folha do Dr. Roberto, a segunda parte de uma trilogia, iniciada em “Maritmo”. Bem, vem mais Adriana por aí. Estou até repensando aquela minha opinião de não comprar mais CDs...

5 comentários:

Lucas Bandeira disse...

Esse CD eu já encomendei. Compra sim, Clau. Eu tenho quase todos os CDs (falta o ao vivo, que é maravilhoso). A Adriana Calcanhoto, sim, consegue ser sutil, mas sem cliché, sofisticada e popular ao mesmo tempo (muito popular, vide suas músicas novelísticas). É incrível como ela não cedeu a facilidade tribalística, continua se renovando.
bj

Cláudia Lamego disse...

Lucas, até que enfim concordamos plenamente, hein! Na entrevista que deu ao Globo, ela contou que ouvia música clássica com os pais e rádio com a babá (qualquer semelhança com a história do Chico é coincidência, mas viva as babás!!). Um dia, segundo ela, o pai a viu nessa situação e fez cara de preocupado! Aí, já era tarde. O pop, ainda bem, já tinha conquistado um pedacinho dela. Hummm, vou comprar agora!

Lucas Bandeira disse...

Nós (e a torcida do meu Flamengo) concordamos plenamente sobre:
Chico Buarque
Paulinho da Viola
Carltola
etc.
etc.

Lucas Bandeira disse...

*Cartola

Cláudia Lamego disse...

Ah, desculpe, mas a torcida do Flamengo está mais para Ivete, Zezé di Camargo, Cláudia Leite (etc) que para Cartola, Chico e Paulinho, né? Pára de graça, Lucas!

(comentário com alto teor de preconceito!)